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As Confissões Verdadeiras de um Terrorista Albino

As Confissões Verdadeiras de um Terrorista Albino, uma adaptação nunca antes levada a cena da obra homónima de Breyten Breytenbach, foi adaptada e encenada por Rogério de Carvalho e co-produzida pelo Teatro GRIOT e pelo Programa Gulbenkian Próximo Futuro.

As Confissões Verdadeiras de um Terrorista Albino é o retrato autobiográfico dos anos de cárcere nas prisões sul-africanas do artista e escritor Breyten Breytenbach. É a excruciante narrativa da sua viagem através da máquina infernal do sistema prisional sul-africano, com todo o seu cortejo de horrores, histórias inacreditáveis, figuras humanas. É uma reflexão do prisioneiro isolado de todas as suas ligações com o mundo, que acaba por duvidar da realidade daquilo que vive. 

Um texto que é ao mesmo tempo um testemunho dramático e uma obra literária de grande qualidade poética.

A peça foi distinguida como "Melhor espectáculo" de 2014 pelo jornal Público. 

Adaptação Rogério de Carvalho

Encenação Rogério de Carvalho

Actores Ana Rosa Mendes, Daniel Martinho,

Gio Lourenço, Maria Duarte, Matamba Joaquim, Miguel Eloy, Zia Soares

Design de luz Jorge Ribeiro

Guarda-roupa Rosário Moreira, Neusa Trovoada

Sonoplastia Pedro Lima, soundslikenuno

Design de som soundslikenuno

Voz e elocução Luís Madureira

Fotografia Sofia Berberan

Design gráfico Siamese Bastards, Neusa Trovoada

Produção Teatro GRIOT, Programa Gulbenkian Próximo Futuro

Assistência à produção Underground Railroad Lisboa/Tambor de Lata

Rogério de carvalho, encenador

“Como dizer este texto de Breyten Breytenbach? Como manifestar a carga poética que o livro transporta? Que tipo de realidade dramática se pode construir? Exclamativa (tragédia)? Narrativa? Afirmativa?

A questão do Teatro como Arte tem sido sempre encontrar os meios justos para dizer e traduzir o que nós vivemos: o que tem lugar não se pode dizer com a língua que se fala vulgarmente – é necessário encontrar outras modalidades de palavras para dizer o que nos acontece colectivamente. E esta é a razão fundamental para a escolha de “As Confissões Verdadeiras de um Terrorista Albino” de Breyten Breytenbach.”

Breyten Breytenbach, sobre o espectáculo

“Foi uma experiência intensa ter o privilégio de estar presente em Lisboa, há alguns meses atrás, na encenação e adaptação das minhas memórias da prisão “As Confissões Verdadeiras de um Terrorista Albino”. Encontrava-me ansioso com a perspectiva de ser confrontado com esta dolorosa parte do meu passado, particularmente em relação a Lótus Dourado - a minha mulher que me acompanhou nesta provação e agora ao meu lado. A memória ainda se encontra negra e manchada pela inumanidade e indignidade da altura. Claro que os acontecimentos antes e depois mostraram o quão perdidos estamos e quão desesperadamente cruel o homem pode ser para o homem.

O mundo que construímos não é um local amistoso… E a minha outra ansiedade relacionava-se com o facto de não saber se um texto escrito a partir da escuridão, física e mental, e da privação, construído essencialmente sob a forma de uma “interrogação interior”, poderia alguma vez ser adaptado com sucesso às exigências do palco.

Como o iriam visualizar? Como poderiam dividir num murmúrio de múltiplas vozes o quefoi falado numa só mente e mesmo então de boca fechada?... Fiquei abismado. Sob a direcção inteligente e arrojada de Rogério de Carvalho, os actores encarnaram não só fielmente esse espaço e tempo kafkianos, mas também o ampliaram enquadrando-o numa espécie de lamento dos horrores da condição humana que todos partilhamos, e o que o ser humano faz ao seu semelhante. O espectador é arrastado, enfeitiçado, para uma dimensão ritual quase sem cenário que atenue a escuridão e onde só existem fragmentos de banda sonora.

Somos confrontados com a pura vulnerabilidade humana, com os caminhos profundos pelos quais estamos todos ligados e somos todos semelhantes, mas também pelo inextinguível instinto de continuar a lutar pela justiça e dignidade. Mesmo que só para “falhar melhor”. 

Inclino-me perante vós em gratidão, camaradas na luta!”

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